Cálculo da eficiência de raspadores de correia – Norma ABNT 16275-2014

Cálculo da eficiência de raspadores de correia – Norma ABNT 16275-2014

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Ao contrário do que é pregado por fornecedores, não existem raspadores de alta eficiência! Mas cada raspador tem a sua eficiência após montado.

Um assunto extremamente polêmico na área de manuseio de granéis sólidos se refere a raspadores de correia – mais precisamente no tocante a sua eficiência. Eficiência de raspagem é um valor adimensional que exprime a relação entre o que cai de material por carryback e o que é retirado pela ação do raspador.

Simples, não? Mas de onde vem a polêmica?

Para responder a pergunta anterior, precisamos entender algumas questões sobre o mercado de raspadores, seus clientes e a busca por números “mágicos”.

O mercado: os fornecedores de raspadores gostam de comparar seus produtos com os dos concorrentes. Entre as várias formas de comparação possíveis, a eficiência de raspagem (ou de limpeza) é uma que mais chama a atenção. Assim, raspadores de “alta eficiência” raspam melhor do que outros que não se classificam como tal.

Os clientes: devido a profusão de marcas e modelos, nacionais e importados, os clientes têm a tendência de se apegar a comparativos fornecidos pelos fornecedores. Os clientes querem sempre “o melhor pelo menor preço”, assim os de “alta eficiência” chamam mais a atenção do que outros, principalmente ser forem os mais baratos.

Devido a isto anos atrás o coordenador da ABNT relativo a manuseio de granéis instigou seus participantes a esclarecer o tema. Após várias versões, inúmeros acalorados debates e anos depois, a norma “ABNT 16275:2014 Transportadores contínuos – Transportadores de correia – Sistema de limpeza – Método de obtenção de valor de referência para avaliação de raspadores” foi publicada.

Ótimo, resolvido! Mas porque a polêmica continua?

A norma aprovada se refere a valores de referência de eficiência. Significa que a medição de eficiência é válida para aquelas condições de medição, e não deve ser linearmente utilizada em outros pontos. Assim, se a eficiência foi calculada para o raspador primário A e o secundário B, operando ao mesmo tempo no transportador C, este valor só pode ser considerado para esta situação, não devendo ser utilizado para todo o parque de correias.

Esclarecido este ponto sugiro a seguinte abordagem:

1.     Medição da eficiência segundo a ABNT 16275:2014 em todos os transportadores do seu parque.

2.     Tabulação de todos os dados de forma a obter a queda de material teórica (diária, semanal e mensal) por transportador de correia devido a carryback (mecanismo de queda ligado diretamente a eficiência de raspagem). Falarei mais deste item em artigos futuros.

3.     Análise dos dados.

4.     A partir dos transportadores de maior volume de carryback, iniciar testes de campo com outros raspadores até que seja encontrado modelos/montagens que possibilitem maior eficiência (medida pela norma).

5.     Nova análise de dados. Vale a pena substituir os demais raspadores por aquele que performou melhor em um outro transportador da planta?

6.     Mais medições de eficiência, mais testes, mais análise de dados… enfim, rodar o PDCA.

Apesar de sucinto, este artigo abordou um dos temas mais polêmicos da indústria de manuseio de granéis, os raspadores. Desmistificou os chamados “raspadores de alta eficiência” e apresentou um caminho a ser seguido ao fazer o cálculo da eficiência de raspadores de correia. Este artigo seguiu a máxima de: “se você tem um negócio e não o mede, você não tem negócio nenhum!”.

Teste de eficiência conforme ABNT NBR 16275

O referido teste foi desenvolvido por Willian Castro

Em resumo da norma, basicamente são 05 passos para fazer o teste de eficiência:

1. Desativar o raspador de correia;

2. Coletar por um determinado tempo uma amostra de massa de material de retorno, após a desativação dos raspadores;
3. Reativar o raspador;

4. Coletar por um determinado tempo uma amostra de massa de material de retorno, após reativação dos raspadores;

5. Calcular a eficiência de raspagem mediante os dados e materiais coletados.

O transportador onde foi realizado o teste possui 01 raspador primário e 02 raspadores secundários, no total de 03 raspadores.
A figura abaixo mostra a coleta do material após a desativação dos raspadores. Nesta etapa a correia operou com os raspadores desativados por 3 minutos e foi coletada uma massa de 972,3 gramas ou 0,972 Kg de material.

Coletadas as amostras com os raspadores desativados e posterior ativados, é o momento de calcular a eficiência atual do sistema de raspagem do transportador em teste por meio da fórmula na figura: 

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

A figura abaixo mostra os valores de massa e tempo para as duas condições, ou seja, operação da correia com os raspadores desativados e ativados. 

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A figura a seguir mostra o cálculo da eficiência de raspagem do transportado em teste, resultando em um valor de 99%, então, ainda assim temos 1% de material fugitivo no transportador. Em uma operação de 24 horas por dia e 07 dias por semana, pode gerar um volume de material fugitivo que requer uma rotina de limpeza periódica.

 

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Conclusão do teste ​

Foi mostrado que um sistema de raspagem nunca será de 100%, por melhor que seja o sistema e possua o melhor programa de manutenção, sempre haverá um valor de material fugitivo e uma rotina de limpeza ainda se faz necessária para evitar o acúmulo deste material fugitivo.

O material fugitivo pode provocar danos nos componentes dos transportadores tais como rolos e a própria correia e quanto melhor a eficiência desejada pelo usuário, maiores serão os custos envolvidos.

Diante deste cenário, a ABNT através da norma NBR 16275 mostra um método para obter um valor de referência para a eficiência de raspagem que neste artigo foi mostrado um caso prático de aplicação desta norma, no qual a eficiência obtida foi de 99% para um transportador composto por um raspador primário e dois raspadores secundários.

Este artigo teve uma contribuição do Paulo Godoy

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